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Apple e Meta mostram que a nova fase da IA é corporativa

Grandes empresas apostam na inteligência artificial

A corrida pela supremacia em inteligência artificial (IA) ganhou um novo capítulo com o fortalecimento das estratégias corporativas. A startup Anthropic, avaliada recentemente em mais de US$ 60 bilhões após uma rodada de investimentos, tem colhido frutos significativos: venceu uma disputa judicial de direitos autorais com possíveis implicações para o futuro da IA e agora surge como candidata a fornecer tecnologia para a nova versão da assistente Siri da Apple.

Segundo reportagem da Bloomberg, a Apple estaria considerando integrar soluções de IA de empresas terceirizadas em sua assistente virtual, possivelmente deixando de lado os esforços internos. A medida é parte de uma movimentação maior para não perder terreno na corrida tecnológica contra rivais como Google e Meta.

Meta intensifica ofensiva em IA

Paralelamente, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, tem conduzido uma estratégia agressiva para atrair os melhores talentos do setor. Com ofertas que chegam a US$ 100 milhões, ele tenta convencer especialistas de empresas concorrentes a se juntar à Meta. Após não conseguir adquirir a startup Safe Superintelligence, Zuckerberg teria voltado seus esforços para atrair o próprio CEO da empresa.

Além disso, a Meta investiu US$ 14 bilhões na Scale AI, empresa de rotulagem de dados, e contratou seu principal executivo, Alexandr Wang, para liderar uma nova unidade dedicada à superinteligência dentro da companhia.

A nova fase corporativa da inteligência artificial

Esses movimentos sinalizam uma mudança fundamental no setor de IA: se os últimos anos foram marcados por avanços tecnológicos impressionantes e novidades em infraestrutura, o momento atual foca em integração com o consumidor e estratégias de mercado. A narrativa deixa de ser sobre computação e pesquisa e passa a valorizar negociação, marketing e recrutamento. Entramos na fase em que a IA deixa os laboratórios e entra nos conselhos de administração.

A popularização das tecnologias como Claude, ChatGPT e Gemini levanta uma questão essencial: se todas se tornam igualmente poderosas, o que de fato as diferencia? Quando a IA se torna uma commodity, como a internet ou os mecanismos de busca, a vantagem competitiva passa a estar nas estratégias de posicionamento e não na tecnologia em si.

Apple: desempenho forte no trimestre, mas com cautela

A valorização da IA no ambiente corporativo coincide com a atualização da recomendação da Jefferies sobre as ações da Apple. A empresa elevou a classificação dos papéis de “venda” para “manter”, com aumento no preço-alvo de US$ 170,62 para US$ 188,32. O analista Edison Lee destacou a força das vendas no trimestre encerrado em junho, mas manteve cautela quanto às perspectivas para o próximo trimestre.

Vendas na China impulsionam resultados

Dados da Counterpoint indicam que as vendas globais de iPhones em abril e maio cresceram 15% em relação ao ano anterior — o maior crescimento desde o terceiro trimestre de 2021. Lee atribui parte desse resultado a um aumento de demanda motivado por tarifas e à recuperação de mercado na China. A expectativa é de que a receita e o lucro por ação do terceiro trimestre do ano fiscal de 2025 cresçam 8% e 10%, respectivamente — acima das estimativas do mercado.

Durante o festival chinês 618, uma das maiores datas do e-commerce no país, as vendas de iPhones aumentaram 19% em relação ao mesmo período do ano anterior. O analista destaca que os descontos e subsídios oferecidos pelo governo foram cruciais nesse desempenho e reforçam a intenção da Apple de manter sua fatia de mercado na China.

Previsões para o iPhone 17 geram preocupação

Apesar do bom desempenho recente, Lee vê com reservas o segundo semestre. Ele prevê crescimento nulo nas vendas de iPhones na segunda metade de 2025, citando a antecipação de compras para abril e maio e a ausência de novidades relevantes no iPhone 17. Para o trimestre de setembro, o analista reduziu em 11% sua estimativa de unidades vendidas, projetando 46,3 milhões de unidades — uma queda de 6% em relação ao ano anterior.

Conclusão: o futuro da IA será definido no mercado

A transformação da IA em uma ferramenta corporativa está em pleno andamento. Com Apple, Meta e outras gigantes definindo estratégias de integração, aquisição de talentos e investimentos bilionários, o setor caminha para uma nova etapa. Agora, não basta apenas desenvolver uma IA poderosa — é preciso saber como vendê-la, integrá-la ao cotidiano do consumidor e, principalmente, manter-se competitivo em um mercado cada vez mais saturado de soluções similares.

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Os riscos ocultos da Inteligência Artificial: manipulação, preconceitos e violações éticas

Embora a Inteligência Artificial (IA) seja cada vez mais utilizada em diversos setores para facilitar tarefas e otimizar processos, há um lado sombrio dessa tecnologia que vem despertando atenção de especialistas ao redor do mundo. O debate sobre os perigos e os impactos éticos da IA está longe de ser meramente teórico: muitas dessas preocupações já se refletem em situações concretas da nossa realidade atual.

Mesmo sendo considerada por muitos como uma ferramenta de apoio eficiente, a IA pode apresentar riscos significativos quando mal utilizada ou implementada sem os devidos cuidados. A seguir, destacamos cinco pontos críticos que evidenciam os principais perigos associados ao uso crescente dessa tecnologia.

1. Manipulação social e política em larga escala

Estudos realizados por especialistas em criminologia da Universidade de Oxford apontam que, mesmo sem intenções maliciosas, sistemas de IA podem gerar e disseminar desinformação em ambientes digitais. Isso ocorre, por exemplo, por meio de algoritmos que priorizam conteúdos sensacionalistas ou falsos, capazes de influenciar comportamentos e opiniões de forma sutil, mas eficaz. Essa manipulação pode ser usada para fins políticos, afetando processos democráticos e a percepção pública.

2. Falhas graves de privacidade e segurança de dados

Outro ponto de alerta é o uso de dados pessoais por sistemas de IA. A coleta massiva de informações sem transparência sobre sua finalidade pode gerar violações sérias à privacidade. Empresas que utilizam IA para personalizar anúncios ou automatizar decisões podem, intencionalmente ou não, expor usuários a riscos de vazamentos, invasões ou uso indevido de seus dados sensíveis.

3. Reforço de preconceitos e discriminações

A IA é desenvolvida por seres humanos e, portanto, carrega os mesmos vícios e limitações dos seus criadores. Isso significa que algoritmos podem reproduzir — e até amplificar — preconceitos raciais, de gênero ou sociais. Sistemas usados em recrutamento, reconhecimento facial ou análise de crédito já demonstraram apresentar comportamentos discriminatórios, levantando questionamentos sobre a imparcialidade dessas tecnologias.

4. Desvalorização da arte humana

A arte é, por definição, uma manifestação única da criatividade e da experiência humana. Obras criadas por sistemas de IA, embora impressionantes tecnicamente, carecem de emoção, vivência e intenção artística. Ao imitar estilos e formatos com base em dados disponíveis, essas criações podem ser vistas como reproduções vazias, levantando discussões sobre plágio, autoria e o verdadeiro valor da arte no mundo contemporâneo.

5. Produção de conteúdo sexualizado e violações éticas

Um dos aspectos mais preocupantes da IA é sua aplicação na criação de imagens falsas, muitas vezes sexualizadas, sem o consentimento das pessoas retratadas. Casos de deepfakes com celebridades, simulações pornográficas e geração de nudes de indivíduos comuns já são realidade. Além de violar direitos de imagem, essas práticas reforçam padrões de beleza ocidentais e promovem a objetificação, especialmente de mulheres e pessoas negras.

Além disso, o uso de IA para gerar conteúdos envolvendo pornografia infantil tem sido denunciado em diversas plataformas, demonstrando a urgência de regulamentações rigorosas para conter tais abusos.